REVISTA DE PSICOLOGIA -GEPU-
ISSN 2145-6569
IBSN 2145-6569-0-7

   
 
  CONFIABILIDADE DA ESCALA MULTIDIMENSIONAL DE REATIVIDADE INTERPESSOAL (EMRI) NO CONTEXTO BRASILEIRO
 
CONFIABILIDADE DA ESCALA MULTIDIMENSIONAL DE REATIVIDADE INTERPESSOAL (EMRI) NO CONTEXTO BRASILEIRO

RELIABILITY OF THE MULTIDIMENSIONAL INTERPERSONAL 
REACTIVITY SCALE IN THE BRAZILIAN CONTEXT
 

 

Nilton S. Formiga* / Faculdade Mauricio de Nassau - Brasil

 

Marseilly C. O. Rocha** / Centro Universitário do Cerrado – UNICERP - Brasil

 

Marcos A. Souza*** / Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - Brasil

 

Ionara D. Stevam**** / Universidade Potiguar - Brasil

Luis Felipe De O. Fleury***** / Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - Brasil 


Descargar en PDF  

 

* NOTA DO AUTOR: Doutor em Psicologia Social pela Universidade Federal da Paraíba. Atualmente é professor do curso de Psicologia na Faculdade Mauricio de Nassau – JP. Endereço para correspondência: Avenida Guarabira, 133. Bairro de Manaíra. CEP.: 58038-140. João Pessoa - PB. Brasil. E-mail: nsformiga@yahoo.com  


** Mestre em psicologia da Saúde/Processos Cognitivos pela Universidade Federal de Uberlândia; atualmente atua como psicóloga prisional em Uberlândia.


*** Doutor em Psicologia. Professor Associado do Departamento de Psicologia e do Mestrado em psicologia, na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. 


**** Professores na Universidade Potiguar – RN.


***** Aluno do curso de psicologia na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e bolsista do CNPq.

 


Recibido: 11 de Junio de 2014
Aprobado: 22 de Noviembre de 2014

Referencia Recomendada: 
Formiga, N., Rocha, M., Souza, M., Stevam, I., & Floury, L. (2014). Confiabulidade da Escala Multidimensional de Reatividade Interpessoal (EMRI) no contexto brasileiro. Revista de Psicología GEPU, 5 (2), 32-43. 

Resumo: A empatia é definida como uma resposta afetiva de origem evolutiva, a qual é apropriada mais à situação do outro do que da própria pessoa; uma pessoa empática é capaz de experimentar as emoções e adotar o ponto de vista do outro para prover ajuda, agregação, cuidado, etc. Dos muitos instrumentos no Brasil que mensuram a empatia, a escala multidimensional de reatividade interpessoal (EMRI) é uma das mais utilizadas em pesquisas na ciência psicológica, revelando resultados significativos quanto ao modelo tetrafatorial. Neste estudo pretende avaliar a fidedignidade da EMRI em distintas amostras de estados brasileiros. Participaram do estudo 899 sujeitos, do sexo masculino e do sexo feminino, de 14 a 61 anos, distribuídos no nível fundamental, médio e universitário de instituições privadas e públicas, em distintas cidades no Brasil. Os sujeitos responderam a Escala Multidimensional de Reatividade Interpessoal de Davis e dados sóciodemográficos. A partir do cálculo do Alfa de Cronbach observou-se que os escores deste indicador na amostra geral e especifica, revelou indicadores confiáveis, tanto para empatia geral quanto para as quatro dimensões da deste construto, garantindo a fidedignidade do instrumento para o contexto brasileiro.

Palavras Chave: Empatia, Fidedignidade, Jovens.
 
Abstract: Empathy is defined as an affective response due to evolutionary origin, which is further appropriate to the situation of others than one's own; an empathetic person is able to experience the thrills and adopt the other person's point of view to provide help, aggregation, caring, etc. Of the many instruments in Brazil that measure empathy, the scale of multidimensional interpersonal reactivity (SMIR) is one of the most used research in psychological science, revealing significant results regarding the tetrafatorial model. This study aims to assess the reliability of EMRI in different samples of Brazilian states. The study included 899 subjects, both male and female, from ages ranging from 14 to 61 years old, distributed in elementary, high school and universities of both private and public institutions, in different cities all over Brazil. Subjects answered to the Scale of Multidimensional Interpersonal Reactivity produced by Davis and also a socio-demographic data. From the Cronbach's alpha calculation it was observed that the scores for this indicator in the overall samples and specifies revealed reliable indicators, both as general empathy as for the four dimensions of this construct, ensuring reliability for the Brazilian context.

Keywords: Empathy, Reliability, Youth. 

 


INTRODUÇÃO


A empatia poderá ser definida como uma resposta afetiva de origem evolutiva, a qual é mais apropriada à situação do outro do que da própria pessoa. De forma geral, uma pessoa considerada empática é capaz de experimentar vicariamente as emoções sentidas por outra pessoa, adotar o ponto de vista do outro, compreender suas motivações e necessidades e atribuir atitudes e comportamentos ao outro com o objetivo de promover ajuda, agregação, cuidado, justiça e solidariedade. (Davis 1983; Wispé, 1990; Batson, Tricia, Highberger &, Shaw, 1995; Hoffman, 2000; Decety &, Jackson, 2004; Decety, 2005; Enz &, Zoll, 2006; Batson, Eklund, Chermok, Hoyt &, Ortiz, 2007; Decety, Michalska &, Akitsuki, 2008).


No Brasil as concepções teóricas e empíricas, no diz respeito a mensuração da empatia, quanto a um construto psicológico pode ser encontrado distribuídas em diferentes estudos da ciência psicológica e áreas afins; cada um, sob uma forma e um tipo operacional que contempla variadas concepções (Camino, 1979; Bandeira, Costa, Del Prette, Del Prette &, Gerk-Carneiro, 2000; Cecconello &, Koller, 2000; Echer, 2005; Oliveira &, Rodrigues, 2005; Pavarino, Del Prete &, Del Prete, 2005; Gouveia, Guerra, Santos, Rivera &, Singelis, 2007; Primi, Bueno &, Muniz, 2006; Motta, Falcone, Clark &, Manhães, 2006; Saupe & Budó, 2006; Tavares, 2006; Falcone, Gil &, Ferreira, 2007; Falcone et al., 2008; Galvão, Camino, Gouveia &, Formiga, 2010). 


Conceitualmente, os estudos supracitados, buscam avaliar a capacidade do ser humano se colocar no lugar do outro (isto é, pensar, sentir e agir a experiência das pessoas no seu entorno), a fim de qualificar sua relação social e emocional. Com isso, é a escala de empatia desenvolvida por Davis (1983), conhecida no Brasil como Escala Multidimensional de Reatividade Interpessoal (EMRI), que além de possui um corpo teórico e perspectiva metodológica bem organizada, apresenta um construto que contempla uma visão psicogenética, evolutiva e multidimensional da empatia, sendo utilizada como variável explicativa em estudos que salientam variáveis psicológicas e psicossociais (Camino &, Camino, 1996; Ribeiro, Koller &, Camino, 2002; Sampaio, Monte, Camino &, Roazzi, 2008; Rique, Camino, Formiga, Medeiros &, Luna, 2010; Sampaio, Camino &, Roazzi, 2010). 


De acordo com Davis (1983), as habilidades empáticas são distribuídas em quatro construtos independentes, os quais avaliam experiências afetivas e cognitivas da pessoa: no que se refere à experiência cognitiva, destaca-se o construto tomada de perspectiva do outro (refere-se à capacidade cognitiva voltada para a compreensão e coordenação de percepções do outro que visem à solução de conflitos interpessoais e sociais) e fantasia (refere-se a habilidade de se identificar com personagens ficcionais em novelas, filmes e romances e sentir junto com eles, uma adesão involuntária às condições afetivas de alegria, tristeza, raiva etc. e/ou de necessidade destes personagens); em relação a experiência afetiva, esta, poderá ser acessada na pessoas através da consideração empática  (diz respeito à capacidade de avaliar e sentir com o outro, bem como do reconhecer seus afetos e necessidades, que pode ser experimentada no self como uma motivação de cunho pró-social que pode levar ao comportamento de ajuda) e a Angustia Pessoal (refere-se a um sentimento de tensão e desconforto, frente à condição de necessidade do outro, podendo gerar comportamentos de afastamento ao invés de comportamentos de ajuda).


Partindo desse pressuposto, em 2010, Sampaio, Guimarães, Camino, Formiga e Menezes (2011), desenvolveram dois estudos, com amostras de jovens brasileiros de 17 a 25 anos de idade, contemplando as quatro dimensões do construto da EMRI, a fim de avaliar tanto a estrutura dimensional da empatia quanto a consistência dos indicadores psicométricos da escala para uso no Brasil. A partir dos resultados destes estudos, Sampaio et al (2011) observaram que os indicadores psicométricos garantiram a validade e consistência interna, bem como, a estrutura fatorial, confirmando a organização item-fator da EMRI de forma mais robusta. Além disso, que a dimensão Fantasia era a que apresentava maior consistência interna e média das quatro escalas do EMRI.


Apesar da garantia e consistência da mensuração da empatia observada no estudo de Sampaio et al. (2011), um estudo desenvolvido por Formiga (2012), com o objetivo de não deixar dúvidas, pretendeu comprovar tais achados; a partir de uma análise fatorial confirmatória em amostras de distintos estados brasileiros; este autor, encontrou indicadores psicométricos que corroboraram a estrutura tetrafatorial previamente encontrada, a qual, não somente garante a perspectiva teórica defendida por Davis (1983), mais também, a organização fatorial, apontada por ele quando se pretender avaliar a empatia nas pessoas.


Com isso, com o objetivo de apresentar indicadores estatísticos que corroborem a capacidade de mensuração da EMRI nas pessoas e assim, torne a cada estudo uma medida acurada, pretende-se, com esse trabalho, avaliar a fidedignidade, através do Alfa de Cronbach (a), do construto em questão em distintos contextos brasileiros; ao tratar da fidedignidade de um teste diz respeito à característica que ele deve possuir na qual, ao se mensurar o fenômeno estudado com os mesmos sujeitos ou outros em ocasiões diferentes, venha a se garantir a precisão instrumental com um coeficiente próximo a 1. Para isso pretende-se utilizar o Alfa de Cronbach como critério de consistência psicométrico (Kerlinger, 1980; Richardson, 1999; Cronbach, 1990; Anastasi &, Urbina, 2000). 


O Alfa de Cronbach (α) é um dos indicadores psicométricos mais utilizados para verificar a fidedignidade ou validade interna do instrumento, o qual deverá apresentar um alfa igual a 1, desta maneira, quanto mais próximo desse número melhor será sua precisão, o que significa que os itens são homogêneos em sua mensuração, produzindo a mesma variância (Kline, 1994; Tabachnick &, Fidel, 1996; Pasquali, 2001) caracterizando uma segurança para a medida do fenômeno que se quer avaliar. Sendo assim, espera-se encontrar escores de confiança semelhantes ao já encontrados pelos autores supracitados para as dimensões da empatia.


MÉTODO


Amostra: 899 sujeitos, do sexo masculino e do sexo feminino (56%), de 14 a 61 anos (Média = 22,04; D.P. = 9,63) compuseram este estudo. Os sujeitos foram distribuídos no nível fundamental, médio e universitário de instituições privadas e públicas, nas cidades de João Pessoa-PB (201 sujeitos), Uberlândia-MG (231 sujeitos), Seropédica- RJ (286 sujeitos), Natal-RN (181 sujeitos), todas no Brasil. A amostra foi não probabilística, pois considerou-se a pessoa que, consultada, se dispusera a colaborar, respondendo o questionário que foi apresentado.


Instrumentos


Escala Multidimensional de Reatividade Interpessoal de Davis – EMRI. Trata-se de um instrumento elaborado por Davis (1983) e adaptado em sua versão original por Sampaio, Guimarães, Camino, Formiga e Menezes (2011) para o contexto brasileiro. O instrumento é composto por 26 sentenças que descrevem comportamentos, sentimentos e características relacionadas à empatia, que são utilizadas para avaliar as seguintes dimensões da empatia:

 

- Angústia pessoal (AP) - avalia as sensações afetivas de desconforto, incômodo e desprazer dirigidas para o self, quando o indivíduo imagina o sofrimento de outrem (por exemplo, Perco o controle quando vejo alguém que esteja precisando de muita ajuda; Fico apreensivo em situações emergenciais, etc.);


- Consideração empática (CE) - esta dimensão relaciona-se aos sentimentos dirigidos ao outro e à motivação para ajudar pessoas em necessidade, perigo ou desvantagem (Ex: Sinto compaixão quando alguém é tratado injustamente; Quando vejo que se aproveitam de alguém, sinto necessidade de protegê-lo, etc.); 


- Tomada de perspectiva (TP) - mede a capacidade cognitiva do indivíduo de se colocar no lugar de outras pessoas, reconhecendo e inferindo o que elas pensam e sentem (Ex: Imagino como as pessoas se sentem quando eu as critico; Tento compreender meus amigos imaginando como eles vêem as coisas, etc.);


- Fantasia (FS) - a primeira designa a habilidade de se colocar no lugar de outras pessoas, tomando suas perspectivas e imaginando o que elas pensam ou sentem; a subescala de fantasia avalia a tendência de transpor a si mesmo imaginativamente, colocando-se no lugar de personagens de filmes e/ ou livros (Ex: Tenho facilidade de assumir a posição de um personagem do filme; Depois de ver uma peça de teatro ou um filme sinto-me envolvido com seus personagens, etc.).


Cada uma destas subescalas é composta, por uma quantidade específica de itens: FS e CE, sete proposições, AP e TP, seis proposições. Todas elas foram avaliadas por escalas likert, que variam de 1 (“não me descreve bem”) a 5 (“descreve-me muito bem”). Escores mais altos indicam níveis mais elevados em cada uma dessas dimensões e a soma dos escores de todas as subescalas é utilizada para calcular o nível global de empatia. O item 2 (Sou neutro quando vejo filmes) deve ter sua pontuação invertida, pois foi elabo¬rado na direção contrária a dos demais itens da escala.


Além do IRI foi utilizado um pequeno questionário para levantar alguns dados sociodemográficos como idade, sexo, curso, etc. dos participantes.


Procedimentos: Todos os procedimentos adotados nesta pesquisa seguiram as orientações previstas na Resolução 466/2012 do CNS e na Resolução 016/2000 do Conselho Federal de Psicologia para as pesquisas com seres humanos (Conselho Nacional de Saúde [CNS], 2012; ANPEPP, 2000).


Administração


Quatro colaboradores com experiência prévia na administração do EMRI foram responsabilizados pela coleta dos dados, e apresentaram-se nas salas de aula como interessados em conhecer as opiniões e os comportamentos dos alunos sobre as situações descritas nos instrumentos. 


Solicitou-se a colaboração voluntária dos jovens no sentido de responderem um breve questionário. Após ficarem cientes das condições de participação na pesquisa, assinaram um termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foi-lhes dito que não havia resposta certa ou errada. A todos foi assegurado o anonimato das suas respostas informando que estas seriam tratadas em seu conjunto. A Escala Multidimensional de Reatividade Interpessoal de Davis – EMRI foi respondida individualmente. 


Apesar de o instrumento ser auto-aplicável, contando com as instruções necessárias para que possam ser respondidos, os colaboradores na aplicação estiveram presentes durante toda a aplicação para retirar eventuais dúvidas ou realizar esclarecimentos que se fizessem indispensáveis. Um tempo médio de 30 minutos foi suficiente para concluir essa atividade. 


Análise dos dados


No que se refere à análise dos dados, utilizou-se a versão 21.0 do pacote estatístico SPSS para Windows. Foram computadas estatísticas descritivas (tendência central e dispersão) e efetuados os cálculos referidos ao Alpha de Cronbach (). Tomou-se com base de orientação dessas análises o estudo de Sampaio, Guimarães, Camino, Formiga e Menezes (2011), no qual os alfas estiveram de acordo com o esperado na literatura (Kerlinger, 1980; Tabachnick &, Fidell, 1996; Anastasi &, Urbina, 2000).


RESULTADOS E DISCUSSAO


Para atender o objetivo principal do presente estudo, realizou-se a análise do alfa de Cronbach, a fim de avaliar a fidedignidade da EMRI em distintas amostras brasileiras. Tomou-se como orientação dos escores de fidedignidade, os alfas achados no estudo realizado por Sampaio Guimarães, Camino, Formiga e Menezes (2011); neste, identificaram-se alfas próximos às recomendações estatísticas exigidas (Cronbach, 1990; Anastasi & Urbina, 2000; Pasquali, 2003). Sendo assim, na tabela 1, é possível observar que os alfas, seja considerando a empatia geral (somatório de todos os itens da EMRI), seja especificando os fatores da EMRI {por exemplo, Consideração empática [CE], Tomada de Perspectiva [TP], Angústia Pessoal [AP] e Fantasia [FS]), apresentaram escores superiores ao exigido pela literatura vigente e convergente aos previamente encontrados pelos autores supracitados.


O conjunto destes resultados revelou que a medida EMRI apresenta uma prova favorável da fidedignidade de construto em amostras de distintos estados brasileiros, podendo com isso, utiliza-la, quando se pretender avaliar a empatia em brasileiros. Ainda na tabela 1, observa-se também, as pontuações dos escores em cada fator; destaca-se uma espécie hierárquica nestes escores entra as dimensões, especificamente: a empatia geral (somatório de todos os itens da EMRI) foi maior em todas amostras, seguido da consideração empática (CE), Tomada de Perspectiva (TP), Angustia Pessoal (AP) e Fantasia (FS); porém, chama-se a atenção para a existência de escores menores na amostra de Natal – RN, a explicação, possivelmente, estaria em relação a amostra, pois esta, foi a que coletou a menor quantidade de sujeitos, condição esta, é capaz de influenciar na análise do alfa.

Tabla 1 (Ver en PDF)

A partir desses resultados, pode-se destacar que a EMRI e seus respectivos fatores podem ser considerados fidedignos para o contexto brasileiro, comprovando assim a precisão de construto e corroborando os achados nos estudos de Sampaio Guimarães, Camino, Formiga e Menezes (2011) e de Formiga, Rocha, Pinto, Reis, Costa e Leime (2013), quanto aos alfas; estes revelaram escores que variaram em direção semelhante ao observado no presente estudo (por exemplo, de 0,71 a 0,87). Com isso, garantiu-se a consistência interna dos fatores, em termos da medida da empatia em amostras de variados contextos brasileiros. 


Além disso, nota-se que as variações das médias de respostas nos fatores da empatia, hierarquicamente, em todas as amostras, observa-se que a consideração empática foi maior do que os demais fatores, seguindo com a segunda maior média para tomada de perspectiva, terceira maior para a angustia pessoal e, por fim, a ultima média para as respostas na fantasia empática. Desta forma, provavelmente, estes respondentes reconhecem que, inicialmente, surge a habilidade da consideração empática, e que esta, seria geradora das demais habilidades; ao refletir nessa direção, tem-se como apoio as associações positivas (seja correlacionais ou dos lambdas) nos modelos propostos pelos autores supracitados (Sampaio Guimarães, Camino, Formiga &, Menezes, 2011; Formiga, 2012; Formiga, Rocha, Pinto, Reis, Costa &, Leime, 2013), as quais, convergentes entre si.


Os achados neste estudo permitem atribuir que os sujeitos são capazes de reconhecer a empatia e que este construto é organizado através de quatro dimensões (por exemplo, consideração empática, angústia pessoal, tomada de perspectiva e fantasia) e que se revelaram consistentes, tendo um fato importante: independente do tipo de amostra e sua diversidade sócio-demográfica (idade e sexo), os indicadores estatísticos são fidedignos, principalmente, quando se acompanha em todas as amostras a distribuição dos alfas. Esta condição garante não somente sua multifatorialidade da EMRI, mas, também, que ao se pretender avaliar o construto da empatia, com a especificidade de cada dimensão, ela é confiável. 


A partir do construto da empatia avaliado neste estudo, acredita-se na possibilidade de que a pessoa é capaz de desenvolver um reconhecimento de situações e a preocupações que geram sentimento e pensamentos em relação ao outro, condição essa, que poderá gerar no sujeito uma espécie de reverberação ou ressonância interpessoal que estimularia ou simularia convicções, desejos, percepções e, especificamente, colocar-se no lugar do sentimento, pensamento e ação em relação a outra pessoa (Sampaio, Guimarães, Camino, Formiga, & Menezes, 2011; Formiga, 2012). 

De forma geral, socializar o sujeito no desenvolvimento empático contribuiria tanto para que os sujeitos apreendam habilidades sociais mais sensíveis e cooperadoras, quanto gerar neles, o desenvolvimento de si mesmo em termos de uma estrutura e funcionalidade psicossociológica quanto ao valor e importância do outro na própria vida. Ao considerar esses resultados aponta-se na direção de que todos nós temos possibilidades e condições de administrar uma disposição funcional para troca de experiências e apoio social para com o outro, partilhando e caminhando para além do cuidado moral e ético com as pessoas do nosso entorno social (colegas, familiares, transeuntes, etc.), mas, que tal cuidar seja, a partir da empatia, um envolvimento com o respeito e compreensão do outro com seus limites e virtudes, disposto a acolher, desdobrando sentido e significado da situação e do sujeito que sofrem. 


Ao verificar e comprovar que a escala de empatia tem confiabilidade e que esta poderá orientar o sujeito, com base nas quatro dimensões empáticas, estar tanto contribuindo para a segurança de mais um instrumento na área da psicologia e ciências afins, mas que, sustenta-se a concepção de Davis (1983) em relação a metodologia e corpus teórico na relação item-fator e na abordagem dos construtos com base na visão psicogenética e evolutiva do desenvolvimento humano. Por fim, espera-se que o objetivo do estudo tenha sido atendido, especialmente, em relação à consistência e acurácia fatorial da EMRI. Ela, considerando tais resultados, poderá ser empregada, não apenas na ciência psicológica, mas, na área da educação, assistência social, jurídica, etc.


 

REFERÊNCIAS

Anastasi, A. &, Urbina, S. (2000). Fidedignidade. Em: Testagem psicológica. (pp. 84-105). Artmed: Porto Alegre.

 

Associação Nacional De Pesquisa E Pós-Graduação Em Psicologia - ANPEPP. (2000). Contribuições para a discussão das Resoluções CNS nº. 196/96 e CFP Nº 016/2000. Recuperado em 02 de Setembro de 2011, da WEB (página da WEB):  http://www.anpepp.org.br/XIISimposio/Rel_

ComissaoEticasobre_Res_CNS_e_CFP.pdf

 

Bandeira, M.; Costa, M. N.; Del Prette, Z. A. P.; Del Prette, A. &, Gerk-Carneiro, E. (2000). Qualidades psicométricas do Inventário de Habilidades Sociais (IHS): estudo sobre a estabilidade temporal e a validade concomitante. Estudos de Psicologia, 5 (2), 401-412.

 

Batson, C. D.; Eklund, J. H.; Chermok, V. L.; Hoyt, J. L. &, Ortiz, B. G. (2007). An additional antecedent of empathic concern: valuing the welfare of the person in need. Journal of Personality and Social Psychology, 93(1), 65-74.

 

Batson, D. C.; Tricia, R. K.; Highberger, L. &, Shaw, L. L. (1995). Immorality From Empathy-Induced Altruism: When Compassion and Justice Conflict. Journal of Personality and Social Psychology, 68 (6), 1042-1054.

 

Camino, C. P. S. Determinants cognitifs et sociaux du jugement moral. (1979). Tese de Doutorado Não-Publicada. Universidade de Louvain, Bélgica.

 

Camino, C. &, Camino, L. (1996). Julgamento moral, emoção e empatia. In Z. D. Trindade & C. Camino (Eds.), Cognição social e juízo moral (Coletâneas da ANPEPP). (pp. 109-135).  Rio de Janeiro: Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia.

 

Cecconello, A. M. &, Koller, S. H. (2000). Competência social e empatia: um estudo sobre resiliência com crianças em situação de pobreza. Estudos de psicologia, 5 (1), 71-93.

 

Conselho Nacional De Saúde – CNS. (1996). Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos. Recuperado em 02 de Setembro de 2011, da WEB (página da WEB): http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/reso_96.htm.

 

Cronbach, L. (1990). Como julgar os testes: fidedignidade e outras qualidades. Em: Fundamentos da testagem psicológica. (pp. 176-197). Artes Médicas: Porto Alegre.

Davis, M. H. (1983). Measuring individual differences in empathy: Evidence for a multidimensional approach. Journal of Personality and Social Psychology, 44, 113-126.

 

Decety J.; Michalska K. J. &, Akitsuki, Y. (2008). Who caused the pain? A functional MRI investigation of empathy and intentionality in children. Neuropsychologia, 46, 2607–2614.

 

Decety, J. &, Jackson, P. L. (2004). The functional architecture of human empathy. Behavioral and Cognitive Neuroscience Reviews. 3, 71–100.

 

Decety, J. (2005). Perspective taking as the royal avenue to empathy. In B. F. Malle e S. D. Hodges (Eds.), Other minds: How humans bridge the divide between self and other. (pp. 143–157). New York: Guilford Publications.

 

Echer, I. C. (2005). Elaboração de manuais de orientação para o cuidado em saúde. Revista Latino-Americana de  Enfermagem, 13 (5), 754-757.

 

Enz, N. &, Zoll, N. (2006). Cultural differences in empathy between China, Germany and the UK. Recuperado em 23 de novembro de 2006, de www.nicve.salford.ac.uk/elvis/ resources/empathy

 

Falcone, E. M. O.; Ferreira, M. C.; Luz, R. C. M.; Fernandes, C. S.; Faria, C. A.; D'augustin, J. F.; Sardinha, A. & Pinho, V. D. (2008). Inventário de Empatia (I.E.): desenvolvimento e validação de uma medida brasileira. Avaliação psicológica, 7 (3), 321-334.

 

Falcone, E. M. O.; Gil, D. B. &, Ferreira, M. C. (2007). Um estudo comparativo da freqüência de verbalização empática entre psicoterapeutas de diferentes abordagens teóricas. Estudo de psicologia (Campinas), 24 (4), 451-461.

 

Formiga, N. S. (2012). Um estudo intracultural da consistência estrutural da escala multidimensional de reatividade interpessoal (EMRI). Revista salud y sociedad, 3 (3), 251-26.

 

Formiga, N. S., Rocha, M. C. O., Pinto, A. S. S., Reis, D. A., Costa, S. M. S. &, Leime, J. (2013). Fidedignidade da estrutura fatorial da escala multidimensional de reatividade interpessoal (EMRI). Estudos Interdisciplinares em Psicologia, 4 (1), 64-79.

 

Galvao, L.; Camino, C.; Gouveia, V. V. & Formiga, N. S. (2010). Proposta de uma medida de empatia focada em grupos: Validade fatorial e consistência interna. Psico, 41(3), 399-405.

 

Gouveia, V. V.; Guerra, V. M.; Santos, W. S.; Rivera, G. A. & Singelis, T. M. (2007). Escala de Contágio Emocional: Adaptação ao contexto brasileiro. Psico,  38 (1), 45-54.

 

Hoffman, M. L. (2000). Empathy and moral development: Implications for caring and justice. New York: Cambridge University Press.

 

Kerlinger, F. N. (1980). Metodologia da pesquisa em ciências sociais. São Paulo: EPU.

Kline, P. (1994). An easy guide to factor analysis. Routledge: New York, NY.

 

Motta, D.  C.; Falcone, E. M. O.; Clark, C. &  Manhães, A. C. (2006). Práticas educativas positivas favorecem o desenvolvimento da empatia em crianças. Psicologia Estudo, 11 (3), 523-532.

 

Oliveira, I. C. S. & Rodrigues, R. G. (2005). Assistência ao recém-nascido: perspectivas para o saber de enfermagem em neonatologia (1937-1979). Texto contexto – enfermagem, 14(4), 498-505.

 

Pasquali, L. (2001). Técnicas de exame psicológico – TEP.Manual de fundamentos das técnicas psicológicas. São Paulo: Casa do psicólogo.

 

Pavarino, M. G.; Del Prette, A. & Del Prette, Z. A. P. (2005). O desenvolvimento da empatia como prevenção da agressividade na infância. Psico, 36 (2), 127-134.

 

Primi, R.; Bueno, J. M. H. & Muniz, M. (2006). Inteligência emocional: validade convergente e discriminante do MSCEIT com a BPR-5 e o 16PF. Psicologia: Ciência e Profissão, 26 (1), 26-45.

Ribeiro, J.; Koller, S. H. & Camino, C. (2002). Adaptação e validação de duas escalas de empatia para uso no Brasil. Estudos de psicologia, 18 (3), 43-53.

 

Rique, J.; Camino, C.; Formiga, N. S.; Medeiros, F. & Luna, V. (2010). Empatia e Perdão Interpessoal. Interamerican Journal of Psychology, 44, 411-418.

 

Sampaio, L. R.; Monte, F. C.; Camino, C. & Roazzi, A. (2008). Justiça distributiva e empatia em adolescentes do nordeste brasileiro. Psicologia: Reflexão e Crítica, 21 (2), 275-282.

 

Sampaio, L. R.; Camino, C. P. S. & Roazzi, A. (2009). Revisão de aspectos conceituais, teóricos e metodológicos da empatia. Psicologia: ciência e profissão, 29 (2), 212-227.

 

Sampaio, L. R.; Guimarães, P. R. B.; Camino, C. P. S; Formiga, N. S. &, Menezes, I. G. (2011). Estudos sobre a dimensionalidade da empatia: tradução e adaptação do Interpersonal Reactivity Index (IRI). Psico, 42 (1), 67-76.

 

Saupe, R. & Budo, M. L. D. (2006). Pedagogia interdisciplinar: "educare" (educação e cuidado) como objeto fronteiriço em saúde. Texto contexto – enfermagem, 15 (2), 326-333.

 

Tabachnick, B. G. & Fidell, L. S. (1996). Using multivariate statistics. Needham Heights, MA: Allyn & Bacon.

 

Tavares, C. M. M. (2006). A educação permanente da equipe de enfermagem para o cuidado nos serviços de saúde mental. Texto contexto – enfermagem, 15 (2), 287-295.

 

Wispé, L. (1990). History of the concept of empathy. In: N. Eisenberg & J. Strayer (org), Empathy and its development. (pp.17-37). New York: Cambridge University Press.


Convocatorias
 
Fecha Máxima de Recepción de
Trabajos: Hasta el 30 de Marzo 2024

Fecha Máxima de Recepción de CV para candidatos a Evaluadores pares:
Cerrada

Fecha Máxima de postulantes para Coordinadores de Distribución:
Cerrada

Fecha Máxima para organizaciones postulantes a ser Auspiciadores:
Hasta el 30 de Enero de 2024

Fecha Máxima para organizaciones postulantes a ser Patrocinadores:
Hasta el 30 de Abril de 2024
Indexaciones
 
Dialnet

Universidad del Valle - Biblioteca Digital

ProQuest

Biblat

CORE

LatinREV

ULBcible

Latindex

MIAR

Índice H

Discovery Service UNAM

SERIUNAM

Google Academico

Fuente Academica Premier EBSCO

UNC University Libraries

The Seattle Public Library

MLZ

VUB Library

Imbiomed

CIRC

SJR

Index Copernicus

IBT-CCG UNAM

IBT-SPUP U. PORTO

EZB

Fidmatch
Indicadores
 
Google Scholar
Varios
 

Certificacion de Web de Interes Sanitario de PortalesMedicos.com
Compruebelo aqui
 
Hoy habia 314 visitantes (489 clics a subpáginas) ¡Aqui en esta página!

Grupo Estudiantil y Profesional de Psicología Univalle – GEPU -
Correo electrónico: gepu@correounivalle.edu.co / Teléfono: +57 3186901373
Edificio D8 Quinto Piso (por la entrada diagonal a la cafetería de guaduales) - Ciudadela Universitaria Meléndez
Universidad del Valle - Cali, Colombia
©2024