REVISTA DE PSICOLOGIA -GEPU-
ISSN 2145-6569
IBSN 2145-6569-0-7

   
 
  Avaliação psicológica em pacientes candidatos à cirurgia bariátrica: a saúde da estética saudável
Avaliação psicológica em pacientes candidatos à cirurgia bariátrica: a saúde da estética saudável 
 
 
    
 
 
    
     
 
 

Astrid Pontes, Gabriela Fernandes, João Alchieri & Nilton Formiga

 

  

 

 

Universidade Portiguar / Brasil

 


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Astrid Sharon Pontes de Sá Hasbun. Bacharel em Psicologia - UFRN, Especialista em Gestão de Pessoas e Avaliação Psicológica UNI-RN, Discente do Mestrado de Psicologia Organizacional e do trabalho – Universidade Potiguar. E-mail: astrid.sharon@gmail.com  

Gabriela Fernandes Moreira Zelaya. Bacharel em Psicologia- Unp, Especialista em Psicologia da Saude: desenvolvimento e Hospitalização- UFRN, Discente do Mestrado de Psicologia Organizacional e do Trabalho- Universidade Potiguar. E –mail: gabriela.moreira@yahoo.com.br

João Carlos Alchieri. Doutor em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul; atualmente é Docente da pós-graduação (nível Doutorado) na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. E-mail: jcalchieri@gmail.com  

Nilton Formiga. Doutor em Psicologia Social pela Universidade Federal da Paraíba. Atualmente é professor da Pós-graduação em Psicologia Organizacional (nível mestrado) na Universidade Potiguar, Natal-RN, Brasil. E-mail: nsformiga@yahoo.com 
 
 
Recibido: 12 de Diciembre de 2018
Aprobado: 30 de Junio de 2019 

Referencia Recomendada: Pontes, A., Fernandez, G., Alchieri, J., & Formiga, N. (2019). Avaliação psicológica em pacientes candidatos à cirurgia bariátrica: a saúde da estética saudável. Revista de Psicología GEPU, 10 (1), 21-45.
 
 
Resumen: A obesidade é um problema de saúde pública mundial, que tem sido discutido nos meios científicos, em busca de novas estratégias de prevenção e combate. Diante dessa questão de saúde, esta se apresenta com a lógica do hiperconsumismo, ou seja, a busca por um corpo entendido como “saudável” ou “Magro” e com isso a cirurgia bariátrica passa a ser uma alternativa de conquista desse corpo, mas na verdade a busca seria de um corpo estético. Pensando nessa busca pela cirurgia este artigo pretende apresentar uma revisão sobre avaliação psicológica em pacientes candidatos à cirurgia bariátrica e as dimensões psicológicas nos transtornos alimentares. Nas últimas décadas, estudos têm demonstrado a eficácia da cirurgia bariátrica no controle de peso em longo prazo e na redução da mortalidade resultante das comorbidades. A avaliação se apresenta como um preparatório importante para a realização do procedimento, como também uma melhor possibilidade de adesão ao tratamento multidisciplinar, sendo esta o primeiro passo para a reorganização do novo estilo de vida, solicitado, pelo novo corpo no pós-operatório.

Palabras clave: Avaliação Psicológica, Cirurgia Bariátrica, Transtornos alimentares.

Abstract: Obesity is a worldwide public health problem, which has been discussed in the scientific circles, in search of new prevention and combat strategies. Faced with this health issue, it presents itself with the logic of hyperconsumismo, or the search of a body understood as "healthy" or "lean" and this way bariatric surgery becomes an alternative to achieve this body, but in fact the search would be for an aesthetic body. Thinking about this search for surgery, this article intends to present a review on psychological evaluation in patients candidates for bariatric surgery and the psychological dimensions in eating disorders. In the last decades, studies have demonstrated the effectiveness of bariatric surgery in long-term weight management and in reducing mortality resulting from comorbidities. The evaluation is an important preparation for the procedure, as well as a better possibility of adherence to the multidisciplinary treatment. This is the first step in the reorganization of the new lifestyle requested by the new body in the postoperative period.

Keywords: Psychological assessment, Bariatric Surgery, Eating disorders.

Introducción

O corpo tem se configurado como um dos principais espaços simbólicos na construção dos modos de subjetividade na sociedade contemporânea. O corpo exprime o elo entre a natureza e a cultura, o social e o individual e entre o fisiológico e o simbólico. Essa temática vem aparecendo ao longo dos anos em diversas publicações de diferentes áreas do conhecimento. O corpo é uma construção social da mesma forma que a linguagem e o pensamento. Sendo assim, podemos inferir que ele é construído a partir de um corpo ideal dado socialmente, em suas aspirações de saúde perfeita e beleza ideal. Para Novaes (2001) o corpo deste fim de século é mais do que nunca representado como expressão perfeita de evolução: o corpo do homem é a própria imagem de sua cultura. Dessa forma se faz necessário pensar no corpo contextualizado historicamente, trazendo nossas múltiplas histórias e os corpos que delas fazem parte. 

Na concepção de Ferreira (2008), a cultura se apropria do corpo biológico para então defini-lo como produto social, o “corpo cultural”. Pensar nesse corpo cultural, é pensar o que a própria lógica de consumo institui como corpo. Dessa forma esbarramos em estigmas e significações sócias sobre um corpo, o qual por muitas vezes choca ou esbarra com a realidade vivida pelo nosso povo. Lógica como o tipo de trabalho laboral, as constituições alimentares familiares, a perspectiva do que seja exercícios físicos, enfim um conjunto de cuidados, aos quais culturalmente, são colocados numa perspectiva de classe social e poder socioeconômico. Neste sentido, Marzano-Parisoli (2004) afirma que o corpo foi sempre reflexo das pressões e das transformações múltiplas fundadas nos valores e crenças difundidos pela sociedade.

O culto ao corpo mostra-se como uma forma de se adequar aos valores idealizados de estética, comportamento, estado de ânimo e porque não dizer de felicidade. “Felicidade é remetermos a uma das significações hiperconsumidas e por que não dizer ofertada em espetáculo a ser consumido como ideal de sucesso, ou seja felicidade. Colocando o corpo como produto em vitrine, para ser cobiçado e conquistado a qualquer custo, afim de diante dessa conquista sentir- se parte de uma sociedade, que tem por objetivos critérios de inclusão e exclusão. E como consequência dessa tentativa de enquadramento dos padrões impostos socialmente, as pessoas tem cada vez mais buscado procedimentos médicos como solução rápida para algumas insatisfações (Dantas, 2011).

Na sociedade contemporânea, segundo Brito (2015), a alegria foi redescoberta pelo homem atual através das sensações imediatas, dos prazeres do corpo e dos sentidos e torna-se necessário, nessa realidade, vários estímulos que tentam esconder essa angustia, que é a condição de falta, de carência e de finitude. O corpo se transforma em um grande laboratório no qual se redesenha a própria condição humana.

Bauman (1998) fala que cada época constrói suas impurezas. Na sociedade pós-moderna, a obesidade seria a impureza que se tenta eliminar. E os obesos por consequência são excluídos uma vez que não podem ser eliminados. Dessa forma, ao tentar criar formas “mágicas” de combate à obesidade, a sociedade na verdade contribui para seu crescimento. Nesse viés, surgem os discursos midiáticos da sociedade do espetáculo onde os sentidos dominantes ali formulados passam a ser entendidos como sentidos de verdade nas relações sociais mais uma vez favorecendo a exclusão social do sujeito obeso e dessa forma os métodos de emagrecimento são procurados para que o sujeito consiga, mesmo que de forma ilusória, uma rápida sensação de inclusão social.

De acordo com Fandiño, Benchimol, Coutinho e Appolinário (2004; Moliner & Rabuske, 2008), a cirurgia bariátrica surge como um desses recursos “mágicos” com a esperança de mudar a vida e o sentimento de identidade, porém quando as cirurgias bariátricas fracassam, os obesos continuam a margem vivenciando novas patologias. Mas esse discurso pode contribuir cada vez mais para a estereotipação dos sentidos que circulam a cirurgia bariátrica enfatizando as questões sobre estética enquanto os sentidos sobre a saúde ficam silenciados.

Frente a essa ação médica para o contexto da patologia, destacam-se os transtornos alimentares (TA); estes, são expressões comportamentais que podem causar sérios distúrbios na dieta diária, como comer porções extremamente pequenas de comida ou o oposto. Estes podem surgir em qualquer fase da vida, sendo mais presente na adolescência e no início da fase adulta devido as cobranças sociais serem mais presentes nessas fases. Para Souza e Pessa (2016), o (TA) são doenças mentais que abrangem sintomas físicos e psíquicos cuja etiologia é multifatorial, envolvendo predisposição genética e sociocultural, vulnerabilidade biológica e psicológica além de questões familiares de padrões de vínculo disfuncional.  Os transtornos apresentam de maneira geral comportamentos alimentares desorganizados e desequilibrados, além da distorção corporal.

Os principais transtornos alimentares são a anorexia nervosa (AN) e a bulimia nervosa (BN).  E há ainda o transtorno de compulsão alimentar periódica (TCAP), no qual a pessoa perde o controle do ato de comer e por consequência a própria obesidade. Tendo a obesidade como foco enquanto problemática, faz-se necessário buscar entender, caracterizá-la e identificar possíveis causas e perigos que a permeiam.

A sociedade contemporânea tem os estilos de vida, na maioria das vezes, se apresentando com escolhas inadequadas de alimentação, causando o aparecimento dessas patologias do TA; segundo levantamento feito pelo Ministério da saúde brasileiro, em 2017 através da VIGITEL (Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico) o excesso de peso atinge hoje 54% da população brasileira. Sendo maior entre homens (57,3%) do que entre as mulheres (51,2%). Já a obesidade apresenta um percentual de 18,9% sem diferença entre os sexos.

Nesse cenário a avaliação psicológica se mostra como um mecanismo encontrado na tentativa de evitar a realização desenfreada do processo cirúrgico e porque não dizer de instrumentalizar os profissionais como intuito de estabelecer um maior diálogo, sobre a tomada de decisão(consumo) em realizar o processo, uma vez que o procedimento reverbera em uma mudança de vida de forma brusca.

Obesidade

De acordo com a Sociedade Brasileira de endocrinologia e Ministério da saúde, obesidade é decorrente do acúmulo de gordura no organismo, que está associado a riscos para a saúde, devido à sua relação com várias complicações metabólicas. Pode ser compreendida como um agravo de caráter multifatorial, pois suas causas estão relacionadas a questões biológicas, históricas, ecológicas, econômicas, sociais, culturais e políticas. 

A prevalência da obesidade vem aumentando entre adultos, tanto nos países desenvolvidos quanto naqueles em desenvolvimento. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que pelo menos 1 bilhão de pessoas apresente excesso de peso, das quais, 300 milhões são obesos.

A determinação multifatorial do sobrepeso e da obesidade, segundo o Ministério da saúde, está relacionada ao modo de vida das populações modernas, que consomem cada vez mais alimentos processados, energeticamente densos e ricos em açúcares, gorduras e sódio, com uma quantidade de calorias consumidas além da necessidade individual. Esse desequilíbrio decorre, em parte, pelas mudanças do padrão alimentar aliadas à reduzida atividade física, tanto no período laboral como no lazer. Sedo importante ressaltar que nesse tempo vivido, o tempo para realização de atividades de autocuidado e prazer, ficam restritas, diante da lógica de trabalhar-produzir- viver bem.

Esse tempo teria uma associação a alguém que já conquistou independência financeira, sucesso e consequentemente o direito de fazer com o seu tempo o que quiser. Neste sentido, o tempo deste indivíduo não é regulado pela lógica da produção capital e consumo. A partir do momento em que conquisto esse tempo, também conquisto uma nova posição estética na perspectiva social, me constituindo alguém de sucesso e senhor do meu tempo.

Considerada uma doença epidêmica, a obesidade, já se propaga inclusive em países orientais, onde tradicionalmente era baixa sua prevalência. A tendência de crescimento do número de obesos no mundo moderno tem sido atribuída a diversos fatores causais, tais como porções superiores de comida, sedentarismo, as conveniências modernas e a composição de macronutrientes na dieta (Costa, 2009). A Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica a obesidade baseando-se no índice de massa corporal (IMC) definido pelo cálculo do peso corporal, em quilogramas, dividido pelo quadrado da altura, em metros. O IMC permite a classificação da obesidade em quatro níveis – graus I, II, III (grave ou mórbida) e superobesidade. O cálculo é feito dividindo o peso pela altura elevada ao quadrado. A obesidade é grau I quando o IMC situa-se entre 30 e 34,9kg/m2 e grau II quando o IMC está entre 35 e 39,9kg/m2. Quando este índice ultrapassa 40kg/m2, trata-se de obesidade mórbida. Mas este não é o único parâmetro para avaliar a intensidade do problema. A caracterização da gravidade da obesidade de grau III (IMC acima de 40kg/m2) dá-se devido à conjunção de três aspectos: prevalência elevada da compulsão alimentar, resistência aos tratamentos clínicos e associação frequente com doenças inter-relacionadas, que são provocadas ou agravadas pela obesidade e que melhoram com a redução e controle do peso. 

Para Barroso et al (2017) o excesso de peso pode estar associado ao patrimônio genético do indivíduo maus hábitos alimentares, estilo de vida, fatores emocionais ou disfunções endócrinas, sendo um fator de risco para uma série de doenças.

De acordo com o Ministério da saúde, os dados epidemiológicos referentes à obesidade têm tornado-se alarmantes, sejam no que tange às taxas crescentes de prevalência e incidência, sejam nas implicações relacionadas às doenças associadas, também conhecidas como comorbidades. O cenário tem se tornado mais crítico e em 10 anos a prevalência da obesidade cresceu 60% passando de 11,8% em 2006 para 18,9% em 2016. Os dados divulgados pelo Ministério da Saúde alertam para prevalência alta da obesidade mesmo entre os mais jovens (entre 25 e 44 anos). Cada vez pessoas mais jovens são acometidas, principalmente os infanto-juvenis. Esse fato determina a ocorrência de doenças crônicas muito precocemente.

As complicações frequentemente associadas à obesidade incluem diabetes mellitus, hipertensão arterial, dislipidemias, doença coronariana, acidente vascular cerebral, apneia do sono e outras disfunções respiratórias, disfunções ortopédicas, colecistopatia, gota e alguns tipos de câncer. Portanto, a obesidade é uma doença de elevada morbidade e mortalidade. E por causa dos riscos que carrega, vem sendo considerada, nos países desenvolvidos como um grande problema de saúde pública (Nunes, 1998, p.207). 

A obesidade resulta de um estado crônico de balanço energético positivo, no qual o ganho de energia (calorias) superou o gasto. Logo, o seu tratamento deve ser o inverso, ou seja, providenciar um balanço energético negativo. Para obter-se isto, duas medidas são obvias: diminuir a ingestão alimentar por meio de dietas restritivas, cirurgia bariátrica ou drogas anorexígenas, e/ou aumentar o gasto de energia através de exercícios ou drogas calorígenas (Nunes, 1998, p.207).

Na CID-10 (Organização Mundial da Saúde, 2008), a obesidade é classificada como uma condição clínica geral. No DSM V (American Psychiatric Association, 2014) não está classificada como transtorno psiquiátrico, por não estar associada consistentemente a uma síndrome psicológica ou comportamental. Atualmente temos como categorias diagnósticas: Pica, transtorno de ruminação, transtorno alimentar restritivo, anorexia nervosa, bulimia, transtorno de compulsão alimentar e outro transtorno alimentar não especificado. 

De acordo com as diretrizes brasileiras de obesidade elaboradas pela Associação Brasileira para o estudo da obesidade e da síndrome metabólica (2016) convenciona-se definir de obesidade a ocorrência de um índice de massa corpórea acima de 30kg/m2. Dentre as várias formas de mensuração da obesidade, o método mais utilizado é chamado de Índice de Massa Corpórea (IMC). Simples, prático e sem custo, o IMC é um bom indicador, mas não é totalmente correlacionado com a gordura corporal e por não distinguir massa magra de massa gordurosa pode ser menos preciso em indivíduos idosos em função da perda de massa magra e diminuição do peso, e superestimado em indivíduos musculosos. Além disso, o IMC não é indicador do mesmo grau de gordura em populações diversas, justamente por causa das diferentes proporções corporais. No Brasil utiliza-se a tabela proposta pela OMS para classificação de sobre peso e obesidade e seu uso apresenta as mesmas limitações relatadas. 

Entretanto, indivíduos com IMC normal, podem apresentar obesidade central avaliada através da medida da circunferência abdominal. Apresentam risco significativo homens com circunferência acima de 102cm e mulheres acima de 88cm. A circunferência abdominal é uma medida indireta da adiposidade visceral, que é metabolicamente ativa e responsável pela secreção de citocinas pró-inflamatórias, que são em parte, responsáveis pela patogênese da resistência à insulina e síndrome metabólica.

Existem diversas opções de tratamento para a obesidade e a escolha é baseada na gravidade do problema e na presença de complicações associadas. Em casos de obesidade grau III, a cirurgia bariátrica se torna o recurso mais utilizado e eficaz. 

Os obesos mórbidos em geral são candidatos à cirurgia, porque tendem a apresentar várias doenças associadas à obesidade. Eles têm uma expectativa de vida menos longa, do que a da população em geral (Krause, 1991 apud Arnaud, 2010). A obesidade mórbida acarreta ainda problemas como a exclusão social, a qual conduz à discriminação e preconceito. Nesse contexto, o obeso passa a ser visto como pessoa incapaz de trabalhar, sem talento, sendo vítima de preconceitos capazes de acarretar uma diminuição da autoestima. Portanto, o obeso mórbido procura, na cirurgia bariátrica, a solução de seus problemas. 

Dessa forma, o recurso encontrado se apresenta muitas vezes como única solução de forma rápida e resolutiva, reforçando a lógica pós-moderna de consumo rápido. Sendo assim a cirurgia bariátrica (CB) e suas diversas modalidades aparece como um produto de melhor impacto para a conquista desse novo corpo, corpo cultural, corpo estético, corpo espetáculo, corpo que me tornará pertencendo algo que estava apenas no desejo. A CB visa à redução dos índices de morbimortalidade, proporcionando melhor qualidade, como também tempo de vida do indivíduo, minimizando problemas de ordem física e psicossocial.

De acordo com a resolução nº 2.131/2015 do Conselho Federal de Medicina foi ampliado o número e comorbidades associadas à obesidade que podem levar à indicação de cirurgia bariátrica. São elas: diabetes, apneia do sono, hipertensão arterial, dislipidemia, doenças cardiovasculares incluindo doença arterial coronariana, infarto de miorcardio (IM), angina, insuficiência cardíaca congestiva (ICC), acidente vascular cerebral, hipertensão e fibrilação atrial, cardiomiopatia dilatada, cor pulmonal e síndrome de hipoventilação, asma grave não controlada, osteoartroses, hérnias discais, refluxo gastroesofageano com indicação cirúrgica, colecistopatia calculosa, pancreatites agudas de repetição, esteatose hepática, incontinência urinária de esforço na mulher, infertilidade masculina e feminina, disfunção erétil, síndrome dos ovários policísticos, veias varicosas e doença hemorroidária, hipertensão intracraniana idiopática (pseudotumor cerebri), estigmatização social e depressão.

Cirurgia Bariátrica (CB)

Modificações no estilo de vida como dieta, exercícios e mudanças comportamentais ainda são consideradas como a base do tratamento da obesidade. Entretanto, essas modificações resultam em uma modesta perda de peso. Mesmo pacientes que são pré-selecionados para maximizar a perda de peso têm dificuldade em manter em longo prazo uma redução de um pequeno percentual do peso do seu corpo. Os medicamentos anti-obesidade levam a uma perda de 3 a 5 kg de peso adicional, mas os medicamentos são caros, mal tolerados e a persistência com a terapia é de em média 2% em 02 anos. 

Dessa forma, a CB é considerada como a principal alternativa - com resultados efetivos e a longo prazo - para pacientes com alto grau de obesidade. Com indicações bem estabelecidas nas formas graves ou intermediárias com doenças associadas relevantes, tem proporcionado excelentes resultados no que concerne à manutenção da perda de peso em níveis aceitáveis e melhora nas comorbidades. Com isso, de acordo com Karlsson et al (2007), dois terços dos pacientes submetidos à CB relatam manter a perda de peso em mais de 10%, condição essa, considerada suficiente para se obter efeitos positivos na qualidade de vida dez anos após a cirurgia. Sendo assim, acredita-se que as razões para a variabilidade dos resultados na CB estariam relacionadas, em parte, a comportamentos inadequados e mudanças emocionais.  Para Bastos, Pinheiro e Araújo 2014 os resultados no pós-operatório podem estar relacionados às mudanças nos hábitos alimentares, a perda ponderal, a prática de atividade física, a presença ou não de comorbidades, ao grau de obesidade e a adesão ao tratamento pré-operatório. 

O processo pós-cirúrgico mostra-se um desafio para reaprender a viver o cotidiano. o processo de viver o período pós-operatório mediato, representado, especialmente, pela grande redução de peso, caracteriza-se como o início do maior desafio do processo. Para alcançar a meta definida, os indivíduos tem que considerar a obrigatoriedade de mudar seus hábitos relacionados à alimentação e às atividades físicas. Poucos meses após a cirurgia, com a perda substancial de peso, os indivíduos podem atingir uma melhora significativa nas comorbidades, como nos casos de artralgias, disfunção hormonal, taxas de glicose alteradas e hipertensão. Também podem retomar certas práticas, incluindo atividades de trabalho e encontros sociais. Tudo isso, reflete consideravelmente na qualidade de vida do paciente e das demais pessoas com as quais conviviam.

A repercussão vem através da autoestima, pela satisfação consigo próprio, por ter realizado a cirurgia e perceber a contínua perda de peso. Com todas essas repercussões há influência positiva nas suas relações sociais. O estímulo proporcionado pela perda de peso e consequente aumento da autoestima pode ajudar o sujeito desmotivado, ou desadaptado, a procurar formas de resgatar o entusiasmo e a vontade de viver, principalmente em atividades de grupo. Mas, para essa população chegar nesse ponto, precisa desenvolver uma grande capacidade de superação, frente às inúmeras dificuldades do pós-operatório, e muita força de vontade para “reconstruir-se” como pessoa dia após dia. 

Diante dessa demanda de saúde pública, o Conselho Federal de Medicina, através da resolução 2.121/2015 define que a CB pode ser realizada em pacientes com as seguintes indicações gerais: IMC superior a 40kg/m2; pacientes com IMC acima de 35kg/m2 ou mais com comorbidades que ameaçam a vida; maiores de 18 anos; obesidade estável há pelo menos cinco anos; pelo menos dois anos de tratamento clínico não eficaz; ausência de drogas ilícitas ou alcoolismo; ausência de quadros psicóticos ou demênciais; Compreensão, por parte do paciente e de seus familiares, dos riscos e mudanças de hábitos inerentes a uma cirurgia de grande porte e da necessidade de acompanhamento pós-operatório com a equipe multidisciplinar por toda a vida do paciente. A perda de peso por processo cirúrgico pode ser conseguida a partir de procedimentos restritivos, má absorção ou combinação.

Segundo a Sociedade Brasileira de cirurgia bariátrica e metabólica (2018), no Brasil são aprovadas quatro modalidades diferentes de CB: By pass gástrico (gastroplastia com desvio intestinal em “Y de roux”; banda gástrica ajustável; gastrectomia vertical e duodenal switch. Além dessas modalidades, ainda há a terapia auxiliar do balão gástrico que não é considerado procedimento cirúrgico. 

A gastroplastia com derivação em Y-de-Roux é o procedimento cirúrgico mais praticado no Brasil, correspondendo a 75% das cirurgias realizadas, devido a sua segurança e principalmente sua eficácia (Sociedade Brasileira de cirurgia bariátrica e metabólica, 2018). Conhecida como operação de Fobi-Capella, independentemente da colocação ou não de anel constritor ao nível da bolsa gástrica. A cirurgia por by-pass gástrico causa perda de peso por restrição gástrica, causando saciedade precoce e má absorção, bem como a redução da fome devido a uma diminuição nos níveis de grelina e aumento de PPY. O paciente submetido à cirurgia perde de 70% a 80% do excesso de peso inicial. Nesse procedimento misto, é feito o grampeamento de parte do estomago, que reduz o espaço para o alimento, e um desvio do intestino inicial, que promove o aumento de hormônios que dão saciedade e diminuem a fome. Essa somatória entre menor ingestão de alimentos e aumento de saciedade é o que leva ao emagrecimento, além de controlar o diabetes e outras doenças como a hipertensão arterial. As complicações associadas à essa cirurgia incluem deficiência de ferro, cálcio, vitamina B12, vitaminas solúveis em gordura, ácido fólico e eletrólitos.

A banda gástrica ajustável foi criada em 1984 e trazida ao Brasil em 1996. É outro procedimento puramente restritivo, que envolve a colocação de uma banda de silicone pequena em torno do fundo do estômago que pode ser ajustado apertando mais ou menos o órgão, tornando possível o controlar o esvaziamento do estômago. Hoje representa menos de 1% dos procedimentos realizados no país e praticamente se encontra abandonada em função de contar com o anel, que é uma prótese, podendo a qualquer momento apresentar problemas e complicações decorrentes de sua presença na cavidade abdominal (Sociedade Brasileira de cirurgia bariátrica e metabólica, 2018). Apesar de não promover mudanças na produção de hormônios como o by-pass, essa técnica é bastante segura e eficaz na redução de peso (50% a 60% do excesso de peso inicial). 

A gastrectomia vertical, também conhecida como cirurgia de Sleeve ou gastrotectomia em manga de camisa, é um processo puramente restritivo e metabólico através do qual o estômago é transformado em um tubo, com capacidade de 80 a 100ml. A perda de peso é comparável com o by pass e maior que a proporcionada pela banda gástrica ajustável. Tem boa eficácia sobre o controle da hipertensão e de doenças dos lipídeos (colesterol e triglicerídes). Nos últimos anos vem crescendo o número de procedimentos realizados e estima-se que em pouco tempo será a cirurgia mais feita no Brasil e no mundo.

A duodenal switch é a associação entre gastrectomia e desvio intestinal. Nesse procedimento cirúrgico 60% do estômago é retirado, porém a anatomia básica do órgão e sua fisiologia de esvaziamento são mantidas. O desvio intestinal reduz a absorção dos nutrientes, levando ao emagrecimento. A técnica corresponde a 5% dos procedimentos e leva à perda de 75% a 85% do excesso de peso inicial, de acordo com a Sociedade Brasileira de cirurgia bariátrica e metabólica (2018)

Consequências adversas também podem surgir, como complicações pós-operatórias e problemas psicossociais relacionados com o funcionamento físico, mental e social – bem como à imagem corporal e aspectos cognitivos. Os fatores psicológicos e comportamentais associados aos piores resultados de CB ainda tem recebido pouca atenção (Novelle e Alvarenga, 2016)

Para o entendimento e manejo clínico do paciente obeso não apenas os fatores biológicos e comportamentais, devem ser levados em consideração como ponto central para a realização dos procedimentos clínicos e sociais para a CB, mas também, os aspectos psicológicos devem ser considerados como uma variável fundamental a ser considerada (Costa, 2009). Dos inúmeros construtos psicológicos, a personalidade ainda tem sido um tema bastante recorrendo quanto se pretende avaliar tanto a tomada de decisão quanto a condição emocional do sujeito que se propõem ou é recomendado pelos especialistas da área médica a realizarem o procedimento de CB. De acordo com Novelle e Alvarenga (2016) de 20% a 70% dos pacientes que procuram a CB têm histórico de algum transtorno mental, portanto os candidatos à CB constituem grupo de risco para transtornos psíquicos diversos – incluindo transtornos alimentares (TA). 

Sendo assim, as características de personalidade têm sido apontadas como variáveis importantes na etiologia dos transtornos alimentares e como fator crítico para o desenvolvimento e manutenção dos seus sintomas. A concepção psicológica dos transtornos alimentares é foco de interesse das pesquisas que buscam compreender a dinâmica de personalidade específica dos pacientes que desenvolvem tais psicopatologias (Santos, Scorsolini-Comin e Gazinato, 2014). Numerosos estudos têm investigado o papel da personalidade nos transtornos alimentares, e a maioria deles têm revelado que pessoas com transtornos alimentares apresentam índices mais altos de transtornos de personalidade, impulsividade, traços obsessivos compulsivos e perfeccionismo se comparados às pessoas sem os transtornos. O comportamento alimentar deveria ser regulado pelo mecanismo fome-saciedade, mas é importante entender que as emoções, a ansiedade, os estados de humor depressivos e outros fatores psicológicos negativos podem alterá-los profundamente . (Melek & Maia, 2018)

Desta maneira, alguns pesquisadores, das mais diversas áreas e objeto de pesquisa (cf. Kendrick, 1996; Carpenter, Hansin, Alisson, & Faith, 2000; Becker, Margraf, Turke, Soeder, & Neumer, 2001; Strawbridge, Deleger, Roberts, & Kaplan, 2002; Sturm, 2001), afirmam que, é possível observar a existência de uma maior incidência de psicopatologia em obesos. Apesar de encontrar alguns desencontros teóricos e empíricos quanto à sua extensão e natureza psicopatologia versus obesidade, de acordo com Snyder (2009; Costa, 2009), pessoas com obesidade extrema apresentam uma maior incidência de depressão, bem como, pessoas com IMC>40kg/m2 apresentam cinco vezes mais probabilidade de ter um episódio de depressão do que aqueles sujeitos com  o peso médio.

Pacientes com obesidade mórbida têm um aumento dos riscos de apresentar sintomas de depressão e ansiedade. Existe uma alta coocorrência de transtornos alimentares e depressão e o estudo dessa relação é importante para a compreensão de ambos os fenômenos e o seu papel nos transtornos alimentares. Segundo Snyder (2009) 23% a 47% dos pacientes relatam o uso de psicotrópicos no momento da avaliação psicológica pré-cirurgica. Estudos têm mostrado que a cirurgia bariátrica pode promover um alívio significativo de tais sintomas, mas também uma pequena melhoria ou melhorias que se vão com o passar do tempo. 

No entanto, não existem muitos dados sobre esses sintomas após o procedimento da cirurgia (Andersen et al, 2010).  Embora o grau de perda de peso após a cirurgia possa prever melhora nos sintomas de ansiedade e depressão, o tamanho do efeito ainda é muito pequeno. Existe uma lacuna no conhecimento sobre os preditores dos sintomas de ansiedade e depressão após a cirurgia bariátrica.  E ainda que a depressão tenha uma prevalência alta nessa população, ela não figura sozinha como uma contraindicação para a cirurgia bariátrica. No entanto, mesmo havendo melhoras no quadro, a cirurgia bariátrica não é tratamento para a depressão. 

A associação entre as patologias psiquiátricas, como as perturbações do humor e as perturbações da ansiedade, e a obesidade tem vindo a ser analisada e estudada por diferentes investigadores. Esta temática necessita ainda de mais estudo, mas parece haver evidência científica de que existe uma relação estreita entre as várias patologias psiquiátricas, particularmente as perturbações da ansiedade, perturbações do humor e a obesidade. A base desta associação parece ser heterogénea assentando num contexto de interações genético-ambientais, com um forte componente psicológico, endócrino, inflamatório e também farmacológico (Pereira & Brandão, 2017)

Outro aspecto é que vários estudos têm centrado sua atenção na influência dos transtornos psiquiátricos comórbidos sobre os resultados da cirurgia bariátrica. Um estudo mostra que pacientes que têm histórico de sintomas de depressão e ansiedade têm menor perda de peso seis meses após a cirurgia do que aqueles pacientes que nunca tiveram essas doenças (Lier, Biringer, Oddbjorn, Stubhaug, & Tangen, 2011). Outro estudo descobriu que ter dois transtornos psiquiátricos no pré-operatório foi associado a menor perda de peso em comparação as pessoas que têm apenas um ou nenhum.

Embora os portadores de obesidade grau III apresentem mais sintomas depressivos, ansiosos, alimentares e também transtornos de personalidade, deve-se ressaltar que a presença de psicopatologia não é necessária para o aparecimento da obesidade – tal como acontece em outras doenças crônicas, ela parece estar restrita a grupos específicos.

De acordo com Bauchowitz et al (2005), muitos pacientes obesos têm expectativas irreais sobre a perda de peso; desta forma, num estudo de 32 pacientes submetidos à cirurgia bariátrica mostrou que as expectativas pré-operatórias para a perda de peso excedem em muito as expectativas depois de terem sido submetidos à cirurgia. É necessário, portanto um acompanhamento pré cirúrgico para um ajuste dessas expectativas mesmo antes do procedimento.

Assim, verifica-se a necessidade de avaliar essa expectativa do sujeito com relação ao procedimento, seu repertório para lidar com a nova condição, bem como operacionalizar a função deste comportamento na vida da pessoa, buscando diminuir os possíveis riscos do pós-cirúrgico (Justino, Barbosa, & Pimentel, 2017)

Com isso, de acordo com Flores (2014), é de grande importância da avaliação das condições psicológicas e emocionais do paciente candidato à cirurgia bariátrica devido às mudanças psicossociais que o procedimento acarreta. Sendo assim, considera-se necessário utilizar-se de técnicas e procedimentos que possam mensurar e conscientizar o paciente, sobre os efeitos da cirurgia na sua vida, especialmente em termos das mudanças em seu repertório comportamental e as dificuldades que isso acarretará. 

A avaliação psicológica é definida pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) como o processo técnico-científico de coleta de dados, estudos e interpretação de informações a respeito dos fenômenos psicológicos que são resultantes da relação do indivíduo com a sociedade. Entre os instrumentos e técnica utilizadas estão os testes psicológicos, aos quais se recorre quando se pretende medir uma característica psicológica (p. ex.: inteligência, personalidade, atenção, entre outros). Sempre será necessário que a escolha do método ou dos testes específicos seja feita de acordo com a especificidade do contexto. 

A avaliação psicológica diferencia-se da testagem psicológica, embora muitas vezes estas práticas sejam confundidas ou até compreendidas como sinônimos. Embora o uso de testes psicológicos seja uma importante fonte de coleta de informações no âmbito da avaliação psicológica, esta é um processo mais amplo e, sobretudo, mais complexo. Enquanto a primeira envolve a integração de informações oriundas de diferentes fontes (testes, entrevistas, observações, entre outras), a testagem psicológica pode ser considerada uma etapa da avaliação psicológica em que a principal fonte de informação são os testes psicológicos de diferentes tipos (Borsa, 2016). Como processo, a avaliação é dinâmica e constitui fonte de informações de caráter explicativo sobre os fenômenos psicológicos, visando dar subsídio para trabalhos realizados nas diversas áreas de atuação do psicólogo, entre elas, saúde, educação, trabalho, sempre que houver necessidade. Ela implica necessariamente um planejamento prévio e cuidadoso, considerando a demanda e os fins aos quais se destina. 

De uma forma geral pode-se afirmar que por meio da avaliação psicológica, é possível investigar, descrever e/ou mensurar características e processos psicológicos, como emoção, afeto, cognição, inteligência, motivação, personalidade, atenção, memória, percepção, entre outros (CFP, 2003)

Segundo o CFP, a avaliação psicológica é uma das áreas mais utilizadas no campo da Psicologia atualmente. Isso se dá, pois a avaliação psicológica vem sendo adotada como uma ferramenta bastante significativa e reconhecida em áreas como: orientação vocacional, processos seletivos, porte de armas, obtenção de carteira nacional de habilitação (CNH), concursos públicos, perícias judiciais e cirurgias bariátricas. 

Alchieri & Cruz (2003) afirmam que esse processo de avaliação psicológica depende da atitude orientada para o que se quer avaliar e da habilidade do avaliador em escolher estratégias e procedimentos específicos às necessidades da avaliação. A escolha é complexa e deve levar em conta os dados empíricos que justifiquem simultaneamente o propósito da avaliação associado a contextos específicos. É importante, dessa forma, reconhecer até que ponto os procedimentos escolhidos avaliam o aspecto que se quer medir. A resolução CFP nº002/2003 ressalta ainda que as condições de uso dos instrumentos devem ser consideradas apenas para os contextos e propósitos para os quais os estudos empíricos indicaram resultados favoráveis. A recomendação para o uso específico tem a prerrogativa de que o psicólogo e a psicóloga podem decidir quais são os métodos, técnicas e instrumentos empregados na Avaliação Psicológica, desde que devidamente fundamentados na literatura científica psicológica e nas normativas vigentes do Conselho Federal de Psicologia (CFP, 2018).

Destaca-se, então, dentre as fontes fundamentais de informação para a avaliação psicológica: a) Testes psicológicos aprovados pelo CFP; b) Entrevistas psicológicas, anamnese e c) Técnica da observação de comportamentos devidamente documentados e/ou protocolados. 

Os testes psicológicos usados nas avaliações possuem características psicométricas que precisam estar preenchidas para que se possa considerar a avaliação como cientificamente respaldada. Essas características são: validação, padronização e precisão. Em 2001 foi iniciado o SATEPSI (Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos) um sistema de certificação de instrumentos de avaliação psicológica comercializados no Brasil para uso profissional, que avalia e qualifica os instrumentos em apto ou inapto para uso, a partir da verificação objetiva de um conjunto de requisitos técnicos mínimos. A intenção era de estabelecer padrões para os testes e, indiretamente, para a prática em avaliação ao impedir que instrumentos sem o devido reconhecimento científico fossem utilizados profissionalmente. Segundo Primi (2010) no primeiro relatório (CFP, 2004) tinham 106 testes avaliados, dos quais 51 foram desfavoráveis (48,1%). Hoje a lista conta com 318 testes sendo 168 favoráveis (52,8%), 143 desfavoráveis (45%) e 07 em análise (2,2%). É possível, portanto, perceber um desenvolvimento da área e o aumento de instrumentos e manuais tecnicamente mais bem desenvolvidos.

Ser um observador arguto e minucioso leva o psicólogo a valer-se do objetivo compreensivista da avaliação psicológica. Portanto, é necessário manter constante estado de vigília, que pode levar o psicólogo a buscar uma atitude de flexibilidade diante das oportunidades que são construídas, nesse campo relacional, ao longo de um processo de avaliação. 

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) através da cartilha sobre avaliação psicológica (2007) aponta alguns passos essenciais para que seja possível alcançar os resultados esperados: Levantamento dos objetivos da avaliação e particularmente do indivíduo ou grupo a ser avaliado; coleta de informações pelos meios escolhidos; integração das informações e desenvolvimento das hipóteses iniciais; indicação das respostas e comunicação cuidadosa dos resultados, com atenção aos procedimentos éticos.

Quanto aos resultados a resolução CFP nº07/2003 diz que:

Os resultados das avaliações devem considerar e analisar os condicionantes históricos e sociais e seus efeitos no psiquismo, com a finalidade de servirem como instrumentos para atuar não somente sobre o indivíduo, mas na modificação desses condicionantes que operam desde a formulação da demanda até a conclusão do processo de avaliação psicológica.

A avaliação psicológica vai além de uma coleta de dados, sobre a qual se organiza um raciocínio. Ela é um momento de transição para a intervenção posterior. Usa de aproximação sucessiva para entrar em contato com seu objeto de estudo e gerar conhecimento a partir de fatos, fenômenos e processos produzidos pelo próprio objeto de estudo. Dessa forma, não é possível se contentar com uma concepção apenas psicométrica da avaliação psicológica, visto estar nela uma prática fundamental para o fortalecimento do caráter científico da Psicologia. 

Avaliação psicológica para cirugia bariátrica

A avaliação psicológica para fins de cirurgia bariátrica é nova no campo da Psicologia da saúde. A própria modalidade cirúrgica é nova e os conhecimentos relativos à Avaliação Psicológica para essa área se encontram em construção. 

Apesar da grande demanda para a cirurgia bariátrica e o envolvimento de profissionais da área de saúde mental no processo de preparação do paciente, existem poucos dados sobre a melhor forma de avaliar esses indivíduos e não existem normas uniformes de avaliação psicológica de candidatos à cirurgia. Poucos estudos têm investigado sistematicamente as variáveis comportamentais como indicadores positivos ou negativos para o prognóstico da cirurgia. 

A presença obrigatória de psicólogos em equipes de cirurgia bariátrica foi oficialmente instituída por meio da Resolução do Conselho Federal de Medicina nº 1766/05. E embora não exista um padrão na literatura, há o reconhecimento de elementos importantes a serem abordados e os meios adequados para coletar os dados necessários para uma preparação e avaliação psicológica para o procedimento cirúrgico (Snyder, 2009). 

Independente da questão legal é necessária a avaliação psicológica para esse tipo de paciente uma vez que a cirurgia acarreta numa reorganização da vida da pessoa em grandes proporções, seja porque impõe uma nova rotina de hábitos alimentares, que pode ser assimilada com maior ou menor facilidade, ou porque os efeitos da cirurgia interferem na imagem corporal que a pessoa tem de si. (...) É necessário explicitar nesse momento quais os recursos psíquicos que tornam o paciente mais apto para esse procedimento. Entre eles destacamos que, além das questões básicas como ausência de psicopatologias graves, devem ser observadas a existência de uma capacidade de elaboração de conflitos (o que possibilitará surgimento de um comportamento adaptativo mais eficiente), as condições para separar a cirurgia da problemática emocional e uma percepção da imagem corporal menos distorcida. (Franques & Arenales-Loli, 2006, citado em Machado, 2007).

De acordo com Snyder (2009), é possível apontar a função primária da avaliação psicológica para CB, podendo determinar a presença de quaisquer condições psiquiátricas que prejudicariam a capacidade do paciente de se submeter à cirurgia, especialmente, quando estes, são incluídos em um processo de avaliação psicológica correta e consistente no binômio teoria-queixa-avaliação; os pacientes são avaliados em relação aos sintomas de depressão, mania, ansiedade, psicose, ideação suicida, abuso de substâncias, história de abuso sexual, histórico familiar de saúde mental e todas as experiências de tratamento.

Pode-se dizer que a metodologia para a avaliação psicológica não deve seguir “fórmulas prontas”, com indicação desta ou daquela técnica específica. Cabe ao psicólogo a escolha das ferramentas que melhor atinjam os objetivos da avaliação e que irão gerar o documento, constante da aptidão do paciente ao procedimento cirúrgico. A partir da abordagem escolhida, desenvolve-se a avaliação, fator determinante do processo, resultando na liberação do paciente (cf. Formiga, 2000). 

De acordo com Elias e Tatmatsu (2007), em um trabalho de mesmo seguimento, também defenderam a necessidade de organização e sistematização do trabalho psicológico e o desenvolvimento e a aplicabilidade de um protocolo de psicologia mais específico para avaliar o paciente candidato a cirurgia bariátrica. Entretanto, também foram encontrados trabalhos defendendo a não criação desses protocolos (Machado & Morona, 2008), mas considerando que cada psicólogo deverá estabelecer o seu processo de avaliação, e para isso utilizará os instrumentos que melhor se adequarem para atingir os objetivos por ele traçados, contudo respondendo sempre, de alguma forma a pergunta inicial: o candidato tem condições psicológicas para se submeter à cirurgia e a todos os procedimentos posteriores, assim como adaptar-se a um novo estilo de vida e relacionamento? (Machado, & Morona, 2008). 

Os transtornos psicológicos manifestam-se por meio de um conjunto complexo de sintomas e queixas expressas de forma subjetiva, sendo muitas vezes de difícil compreensão para o profissional que pretende realizar uma intervenção. Assim, a utilização e o desenvolvimento de técnicas e escalas de mensuração podem conferir maior confiabilidade e validade ao diagnóstico, permitindo que sejam respondidas as hipóteses de forma mais objetiva e científica e menos intuitiva (Crippa, Hallar, Vilela, Loureiro, & Zuardi, 1999, citado em Costa 2009).

Sabe-se que neste momento inicia-se uma grande jornada, tendo como foco o conhecimento do paciente sobre a cirurgia e os aspectos psicológicos que a envolve. Porém em sua grande maioria, os pacientes não têm conhecimento do papel do psicólogo no processo, nem de sua complexidade. Para alguns deles, a função do Psicólogo é emitir parecer favorável ao procedimento cirúrgico. Mesmo tendo optado pela cirurgia, outros conflitos se instalam. O paciente traz consigo, além de sua historia de vida, da sobrecarga de peso, sofrimento proveniente das frustrações, do preconceito, da dificuldade de transitar na vida. 

A cirurgia bariátrica não é uniformemente bem sucedida, uma seleção apropriada de pacientes ajuda a melhorar o resultado.  Compreender os fatores psicológicos que afetam o controle de peso, como o uso de alimentos como mecanismo de defesa ou uma consequência de um trauma é importante, pois é uma compreensão realista dos resultados físicos e psicológicos da cirurgia. Uma série de estudos têm examinado o papel de fatores psicológicos pré-operatórios para predizer o desfecho da cirurgia bariátrica.

Os sintomas psicológicos que persistem ou reaparecem após a cirurgia bariátrica podem ter um forte impacto sobre o curso da perda de peso e qualidade de vida no pós-operatório do paciente. Entrevistas clínicas estruturadas são geralmente consideradas como método mais confiável e válido para avaliação de transtornos psiquiátricos no pré-operatório da cirurgia bariátrica, e embora os pacientes se apresentem hesitantes e desconfortáveis com a ideia de consultar um psicólogo antes da cirurgia, as informações discutidas durante a entrevista clínica são essenciais não apenas para avaliar sua adequação para a cirurgia, mas também para melhorar seu sucesso após a cirurgia. 

Segundo Snyder (2009), muitos pacientes relatam quão valioso foi para eles examinar as questões levantadas na entrevista. Nesse momento é possível fazer uma revisão do peso do paciente e história da dieta usando uma linha do tempo para realçar eventos importantes que possam estar associados como casamento, gravidez, mudança de emprego, etc. A informação diz respeito de quando o peso se tornou problema, tipos de dieta que tentou e história familiar de obesidade. Esses dados são importantes, pois contem informações sobre a motivação, necessidade de mudanças de comportamento e possíveis transtornos alimentares.

Mas a construção de um diagnóstico apresenta-se, na maior parte das vezes, complexa. O uso de instrumentos com reconhecidas propriedades psicométricas é um importante aliado nessa tarefa, pois possibilita ao paciente e ao profissional identificar comportamentos que, muitas vezes por inibição do próprio paciente, são omitidos na entrevista clínica (Costa 2009). Ou ainda pelo fato de se sentir pressionado a parecer psicologicamente apto, o paciente pode voluntariamente distorcer algumas informações. Uma avaliação detalhada nesse momento é necessária para determinar a prontidão do paciente para a cirurgia e as necessidades de mudança no estilo de vida pós-operatórias.

Acerca dos testes psicológicos não se pode propor uma bateria-padrão, uma vez que as escolhas dos instrumentos dependem de vários aspectos: quem formula o pedido, a idade cronológica, o nível sociocultural e o grupo étnico do paciente, casos com déficit sensorial ou comunicacional; o momento vital, o contexto espaço-temporal em que se realiza. Machado (2007) apresenta que o estudo da psicopatologia em si pode são ser suficiente para identificar os pacientes com maior risco de complicações médicas e psicológicas. Hábitos alimentares, níveis de estresse, presença de um ambiente saudável e de apoio, bem como as expectativas para a cirurgia são igualmente importantes nessa população para caracterizar uma avaliação psicológica voltada para avaliação de pacientes que serão submetidos à cirurgia bariátrica.

Ainda, de acordo com o autor supracitado, nesse processo é importante compreender os seguintes pontos: O objetivo e expectativas do sujeito com a cirurgia; a condição física e psicológica do paciente e o estabelecimento de um prognóstico a partir da cirurgia, ou seja, sua adaptação ao novo estilo de vida, as tendências à ansiedade e depressão e as possibilidades de transferência da compulsão. 

Por sua vez, Snyder (2009) assinala que a maioria dos pacientes descreve o desejo de perder peso para melhorar dos atuais problemas de saúde, aumentar sua mobilidade e energias e promover saúde e longevidade. Mas quando há um relato de pressão externa para a realização da cirurgia, uma ênfase exagerada na aparência física ou ideias irrealistas em relação às mudanças que acontecerão em sua vida é necessária uma investigação mais aprofundada.

Em um estudo com 500 candidatos, Zimmerman at al. (2007 apud Lima Filho, 2008) verificaram 18% de cirurgias impedidas, e as razões mais comuns para recomendação negativa foram: hiperalimentação para lidar com estresse, transtorno alimentar ativo, psicopatologia descontrolada e a presença de significativos estressores de vida. Um paciente foi excluído por falta de entendimento dos riscos potenciais da cirurgia. Do mesmo modo, segundo a American Psychiatric Association (APA) contraindica-se ou posterga-se a operação em qualquer caso em que o paciente não esteja plenamente de acordo com a cirurgia ou não seja capaz de apreciar as mudanças que ocorrerão após a operação, quer por transtornos psiquiátricos de eixo ou por incapacidade cognitiva.

No Brasil, poucos são os instrumentos específicos disponíveis para a avaliação de condições psicológicas que podem estar associadas à obesidade, mas a literatura internacional dispõe de uma série de instrumentos específicos. Tal achado aponta para a necessidade de adaptação, normatização e validação de instrumentos para o nosso meio. 

No Brasil, poucos são os instrumentos específicos disponíveis para a avaliação de condições psicológicas que podem estar associadas à obesidade, mas a literatura internacional dispõe de uma série de instrumentos específicos. Tal achado aponta para a necessidade de adaptação, normatização e validação de instrumentos para o nosso meio. 

Neste trabalho foi feito um levantamento dos instrumentos utilizados em pesquisas publicadas nos bancos de dados Bireme, Scielo, Pubmed, Dedalus e Capes no período de 2008 a 2012. Pode-se observar nas Tabelas 1 e 2 os instrumentos genéricos e os específicos utilizados nas referidas pesquisas. (Ver tabla 1y 2 en el PDF)

Para a avaliação psicológica de obesos têm-se à disposição instrumentos específicos (próprios para determinada população) e genéricos. De modo mais detalhado, os instrumentos específicos são projetados para investigar especificidades das doenças. No que se refere à obesidade, podem-se utilizar tanto instrumentos que avaliam o comportamento alimentar do paciente quanto fatores e estressores psicossociais. Os genéricos, por sua vez, são utilizados para uma variedade de doenças crônicas e podem abranger um espectro amplo de características e sintomas presentes em diversas doenças. 

Pelo fato de não haver perfil psicológico único, partir da observação da heterogeneidade em relação à caracterização psicológica destes pacientes, o processo de avaliação se torna um pouco mais complexo, mas não impossível de ser analisado. Mesmo sabendo desta problemática e levando em conta a multiplicidade dos perfis da pessoa obesa, não se pode desconsiderar a relevância de se estabelecer minimamente delineamentos ou critérios de avaliação, que possam nortear esse processo (Flores, 2014 APUD Justino, Barbosa e Pimentel 2017). Sendo importante ter conhecimento dos mesmos, afim de escolher o mais condizente com o caso a ser avaliado.

Considerações finais

Os transtornos alimentares são na atualidade uma interseção entre a história do sujeito e a sociedade do consumo. Na ausência de um significado para a própria identidade, e na busca da satisfação imediata através do corpo, as pessoas buscam compensar a falta e a carência das possibilidades de encontro com o outro e consigo.

A cirurgia bariátrica surge como uma promessa do individuo existir de forma plena para o social, consequentemente para si, com a esperança de que mudando de corpo, mudaria a própria vida e sua percepção de identidade. Dessa forma o corpo e a possiblidade de apresenta-lo em evidência como espetáculo, permite que o individuo se veja e se sinta  pertencente há algo , nem que seja  em uma perspectiva passageira e fugaz, aonde o desejo se apresenta de forma  pontual, ou seja, na tentativa de responder as exigências sociais, mas como essas se mostram de forma volátil, esse desejo muda a cada lógica evidenciada pelo social. 

No caso  a AP, deveria se colocar como um instrumento balizador  para a escolha do indivíduo pela cirurgia, aonde muitas vezes essa é utilizada pela equipe como possibilidade de controle, inferindo aqui o poder saber que por muitas vezes é o que mais toma corpo, fazendo o seu parecer, muitas vezes a via a ser usada pelo indivíduo e não como abertura de dialogo, sobre o que ele é e o que deseja ser e as implicações dessa escolha. Esse artigo além de ressaltar  essa perspectiva, precisa apontar esse instrumento como uma medida de cuidado para com o individuo, sendo esta utilizada da forma esperada e já apontada aqui pelo próprio órgão regulador, CFP, que deveria permitir a reflexão do momento ao qual o individuo passa e a reverberação dessa escolha para sua vida, apontando através do parecer, medidas que venham a cuidar dessa pessoa e instituir suporte para esse possível momento.

A área de AP para cirurgia bariátrica é muito incipiente, na qual em geral, há poucas referências a respeito na formação da graduação, assim como em pesquisas ou referências bibliográficas. A inclusão de profissionais da saúde mental no processo de avaliação pré-operatória de pacientes candidatos à cirurgia deve ser regra e não exceção, pois a realização de uma avaliação psicológica criteriosa é fundamental na triagem de pacientes que se submeterão à cirurgia bariátrica. 

Esta é uma etapa crítica, não só para identificar contraindicações para a cirurgia, mas também – e mais ainda – para entender melhor a sua motivação e fatores emocionais que podem afetar seu enfrentamento e adaptação às alterações em seu estilo de vida no pós-cirúrgico. 

Para tanto se deve ter o cuidado de escolher técnicas, testes e escalas que atendam à demanda de investigar os aspectos psicológicos associados à obesidade e aos transtornos alimentares. Por mais que se possa sugerir a utilização de alguns instrumentos para a avaliação do paciente obeso, o olhar criterioso do profissional que realiza a avaliação é imprescindível para que se construam hipóteses pertinentes. Essas informações serão de suma importância para a continuidade do atendimento clínico no pós-operatório.

Nada substitui o adequado conhecimento das repercussões/aspectos envolvidos na obesidade e de suas implicações físicas, pois, embora os psicólogos possam atender a uma demanda psíquica, não se pode perder de vista a etiologia física, que muitas vezes é indevidamente interpretada. Também é da responsabilidade do psicólogo a criteriosa seleção das técnicas e recursos específicos próprios. 

Dessa forma, o profissional da psicologia, tem o desafio de além de coletar uma vasta quantidade de dados ao mesmo tempo, educar e motivar os pacientes na sua busca de melhoria de saúde e desenvolver e/ou validar instrumentos específicos (muitos já disponíveis em outras culturas) para o paciente obeso, não esquecendo os atravessamentos das questões  sociais que institui um lugar estético ao individuo e a avaliação pode diante da forma de aplicação ou evidenciar ou de fato instituir lugar de cuidado e possibilidade reflexiva para com o sujeito e o corpo que é.

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